O jornalista Fernando Lemos lança seu olhar crítico e provocativo sobre temas atuais, alimentando um debate sobre o Ponto de Interseção ao qual a Humanidade vem se submetendo para desfrutar dos "benefícios" da modernidade, sob a ótica da Naturologia e de um dos mais importantes gurus do ideal naturopata, Efraín Melara.

sexta-feira, 23 de março de 2007

O que é a globalização?

O que é a globalização? Para onde ela nos leva? O que foi globalizado? O que são países ricos e países pobres? O que eles buscam? A Índia, a China e o Brasil, os gigantes pobres que almejam ser ricos, para onde vão?

Primeiro, com a propriedade privada, veio a revolução agrícola. Depois, com a tecnologia, começou a revolução industrial. Agora, com a informática, começa a revolução da informação. Politicamente, as mudanças propiciaram uma nova revolução, que chamam de globalização. A revolução da informática, na verdade, apenas acelera a cultura da morte, globaliza essa cultura, explode o capitalismo, transforma o dinheiro numa jogatina desenfreada mundo afora, as notícias chegam a todos os lugares ao mesmo tempo, levando a cultura da morte. Os “progressos” na saúde se multiplicam. A agricultura se torna indústria.

A revolução agrícola começou com a propriedade privada, com as nações, com os senhores feudais, com reis e imperadores. E resistiu até o século XVII, mais ou menos, quando começou a se desenhar a revolução industrial, que ganhou mais força no século XIX, se consolidando no século XX – gerando migrações em massa do campo, criação das metrópoles e megalópoles, indústrias e poluição acentuada.

Até então, na revolução agrícola, Igreja e Estado se confundiam, e as pessoas que exerciam o poder, o faziam por direito divino. Quando as máquinas a vapor foram colocadas a serviço do homem, quando as primeiras fábricas surgiram, houve a separação de Igreja e Estado, e surgiu a chamada democracia – os poderosos escolhidos pelas pessoas, e não por direito divino. Foi quando houve a Reforma, de Lutero, que criou o protestantismo, uma “atualização” do catolicismo – colocada a serviço dos novos tempos e do capitalismo, dos negócios, do deus mercado. A partir da constatação da hipocrisia da Igreja, do dogma pelo dogma.

Veio a produção em massa, surgiu o consumismo, hoje uma religião, a educação em massa, dentro de preceitos definidos, e até uma História contada de acordo com esses preceitos, houve até mudanças familiares, com núcleos mais reduzidos, vivendo em função dessa cultura de massa.

Houve conflitos em toda parte entre a Igreja e os que baseavam seu poder na posse da terra, e os partidários da nova civilização, industrial. Capital, terra e mão-de-obra, além de conhecimento. Nos EUA, houve a secessão – a guerra civil entre o norte industrializado e o sul agrário. Para as fábricas, eram necessários cada vez mais produtos primários dos países periféricos, que estavam à margem da revolução industrial, e o conflito ampliou-se, tornou-se global.

Agora, os países que detém a informação transferem para os países que, antes, forneciam matérias-primas básicas suas indústrias poluentes, e ainda exploram os países que estão ainda distantes da revolução industrial, são ainda agrícolas. E globalizam a cultura da morte, o capitalismo, o “american way of life”, o esgotamento dos recursos naturais, seus produtos, o consumismo doentio. Com uma velocidade impressionante, no ritmo do computador.

Os EUA são os maiores produtores mundiais de alimentos, mas, hoje, o pessoal que trabalha no campo é muito menor do que anos atrás. Por quê? Porque a economia de escala chegou ao campo e o agro-negócio substituiu a agricultura familiar, os defensivos agrícolas permitiram a produção em massa.

O confronto está levando a uma luta pela hegemonia dos EUA, com o apoio de outros países do chamado Primeiro Mundo, que saíram á frente das novas tecnologias. Hegemonia que o leva a ignorar o Protocolo de Kyoto, com toda sua fraqueza. E que o leva a invadir países em busca de petróleo, hoje, e amanhã pode ser a água potável. A globalização do comércio e das finanças não respeita fronteiras. Aliás, fronteiras são mesmo ficções, mas a globalização acaba com as fronteiras de outro modo.

A Igreja sempre esteve ligada ao obscurantismo. Santo Agostinho dizia muitos séculos atrás que quem sabia somar e subtrair tinha pacto com o diabo.

Hoje acumulamos dados, informações, deduções e teorias com uma velocidade espantosa. Mas sempre com base na cultura da morte.

Tempo é dinheiro. Hoje, com a informática e os novos recursos tecnológicos o tempo fica mais curto, os produtos chegam aos mercados com mais rapidez, a produção em massa começa a ser superada, os produtos ficam cada dia menores, mais compactos, e os lucros aumentam. Também, por determinação do mercado, os produtos duram cada vez menos, para que possam ser substituídos. O conhecimento reduz a necessidade de tempo, espaço, matérias-primas, mão-de-obra, capital, tornando-se o maior recurso de uma economia. Mas, sempre, com base na cultura da morte.

A especulação, os ataques especulativos.

Não é preciso censurar, estabelecer mandamentos. Quem detém informação objetiva-positiva só é capaz de transmitir informação objetiva-positiva.

Nos séculos XIX e XX, a economia se baseava na terra, nas matérias-primas, na mão-de-obra intensiva e no capital, todos eles recursos finitos. Agora, em tese, a economia se baseia no conhecimento, que é um recurso inesgotável. Só que o conhecimento precisa ser objetivo-positivo, ou o que se multiplicará levará, inevitavelmente, à destruição do planeta.

O consumismo, que em tese impulsiona o crescimento das economias, é a doença do Terceiro Milênio. Para competir, a inovação é a chave. A cada mês, milhares de produtos novos chegam aos supermercados. A evolução é rápida.

As “estradas eletrônicas” interligam os sistemas, aumentam a velocidade da informação. As economias dependem, agora, da velocidade. A frase “tempo é dinheiro” agora chega aos micro-segundos.

Os negócios, agora, são feitos em tempo real. Um executivo do mercado financeiro disse que “o dinheiro move-se na velocidade da luz”. E a informação, completa, tem que mover-se ainda mais depressa.

O impasse dos socialistas (ou comunistas), de investirem nas fábricas, abandonando a agricultura, e controlando a informação. A utopia.

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